O fechamento das escolas durante a pandemia afetou drasticamente a rotina de atividade física dos pequenos e mostrou outro problema: o sedentarismo das crianças. Apesar do retorno gradual, é certo de que este período sem aulas presenciais causou inúmeros prejuízos a crianças e adolescentes.
Segundo pesquisas realizadas pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com famílias brasileiras com crianças abaixo de 13 anos, antes do confinamento, 67,8% das crianças praticavam atividade física pelo menos duas vezes na semana, tendo esse número reduzido para 9,77% no primeiro mês do isolamento.
A pediatra e médica do esporte Carla Eleutério, do Hospital Otorrinos Curitiba, lembra que a atividade física é fundamental para o desenvolvimento da criança, além de prevenir doenças e contribuir para um futuro saudável.
“A atividade física traz inúmeras benefícios para a habilidade motora, flexibilidade, coordenação, auxilia na prevenção de doenças como obesidade, doenças cardiovasculares, e contribui para o bem-estar emocional e interação social”, comentou a especialista.
Falando em obesidade, dados da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada em outubro de 2020, mostra que a cada 3 crianças e adolescentes no Brasil, 1 está acima do peso. “Muito se deve à falta de alimentação saudável e também à ausência de atividade física na rotina da criança”, lembra Carla.
O sedentarismo nas crianças tem como consequência a obesidade, distúrbios metabólicos como hipertensão, aumento de colesterol e triglicérides, e diabetes tipo II; alterações posturais, encurtamento muscular; diminuição da vitamina D, alteração no sono, no apetite, na saúde mental (ansiedade e depressão); diminuição da imunidade, entre tantas outras que também irão refletir na vida adulta.
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Tomando todas as medidas de prevenção à Covid-19, os pais precisam e devem estimular as crianças à prática de atividades físicas.
“O exemplo vem de casa, então os pais precisam incentivar os filhos a praticar alguma atividade física, seja uma caminhada, passeio de bicicleta ou até mesmo se divertir com as aulas de dança online”, orienta Carla.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças entre 1 e 2 anos devem ser ativas por 3h/dia. “Isso é possível deixando-as em espaços lúdicos, como playground, o uso de bicicleta sem pedal para exercitar musculatura de pernas, correr, pular, entre outros”, acrescenta a médica.
Para crianças de 3 a 5 anos recomenda-se atividade intensa por 1h/dia, como corridas, saltos, escorregador, natação, escalada, e mais 1/dia de atividade leve. Para crianças de 5 anos a adolescentes de 17 anos, 1h de atividade moderada a intensa como brincadeiras, aula de educação física e esportes.
“Sempre que possível, todos os dias da semana”, completa a médica.
| Faixa etária | Horas de atividades | Dicas de exercícios |
| 1 a 2 anos | 3 horas por dia | Playground, uso de bicicleta sem pedal, correr, pular. |
| 3 a 5 anos | 1 hora por dia | Corridas, saltos, escorregador, natação, escalada. |
| 5 a 17 anos | 1 hora por dia | Aula de educação física, prática de esportes em geral. |
O estudo divulgado pela Unifesp mostrou, ainda, que 74,9% dos pais entrevistados afirmam que o tempo de uso dos equipamentos eletrônicos cresceu significativamente com a implantação do sistema de aulas on-line, em relação ao horário escolar normal.
Segundo recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria, há alguns limites diários para a exposição a telas:
:: Menos de 2 anos: a exposição às telas deve ser evitada;
:: De 2 a 5 anos: no máximo 1h por dia com supervisão;
:: De 6 a 10 anos: de 1 ou 2h por dia com supervisão;
:: Maior de 11 anos: de 2 a 3h dia.
“Com as aulas on-line, infelizmente o tempo de exposição a telas aumentou consideravelmente. Então, o ideal é controlar o uso dos eletrônicos fora do período escolar. Sem perceber, muitas crianças acabam acordando e dormindo em frente às telas, seja assistindo a desenhos, jogando, fazendo vídeos ou nas redes sociais”, alerta a médica.
Para quem mora em apartamentos pequenos e locais sem muito espaço, por exemplo, uma dica é que os pais participem com os filhos de aulas de dança online, Crossfit kids e artes marciais pelo YouTube.
“A tecnologia está aí para nos ajudar, então, os pais podem usar aplicativos e vídeos para incentivar as crianças a se movimentarem. Quando possível, caminhadas diárias usando máscaras e em horário de pouco movimento”, finaliza Carla.
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