Minha mãe é supermetódica: tudo tem que ser do jeito que ela planejou, às vezes com horas, dias ou até semanas. E se não sair do jeito que ela planejou, ih, aí já viu! Como dizem que o fruto não cai longe do pé, confesso que também sou um pouco assim (era mais antigamente, acho que melhorei bastante!).
Fui aprendendo que sair da rotina e não ter tudo tão planejado assim é bom. Que tudo que te tira da zona de conforto – ou da zona de planejamento – ativa um lugar no cérebro que faz você criar um plano B, C… E a partir daí podem surgir outras ideias, outra maneira de pensar e outra maneira de resolver um determinado problema.
Anos atrás, quando eu trabalhava na RBS, o Ediney Giordani (nosso editor na época), a-do-ra-va uma mudança, era o “inquieto”. Um blog novo, uma home do site diferente, um bloco que mudava de lugar. Até aí, ok. Mas taí uma coisa que me tirava do sério (Ediney, se estiver lendo isso, momento confissão: eu detestava mesmo!!!) era quando ele chegava cedo e falava: pessoal, hoje vamos mudar de lugar. Fulano vai sentar no lugar de Beltrano, Beltrano no lugar de Ciclano… Vamos dar uma mexida aqui, fazer uma integração maior, etc.
Eu não sabia de onde vinha tanta animação e felicidade em mudar as pessoas de lugar.
– Integração? Pra que, gente! (pensava eu!). Tava todo mundo integrado já, a equipe era a mesma há um bom tempo…
Aquilo, pra mim, era tenebroso, eu não gostava, tinha apego ao meu lugarzinho, ao meu cantinho (que às vezes nem era tão canto assim, ficava no meio de todos, mas ainda assim já havia me acostumado com aquele lugar). Me deixava num humor terrível por pelo menos alguns dias, ficava pensando no meu antigo lugar, como ele era melhor, como já tinha me adaptado ao espaço… Sabe aquela expressão “ficar pensando na morte da bezerra”? Então, era eu.
Mas sabe o que adiantava eu ficar naquele mau humor? Nada. A mudança já tava feita, eu gostando ou não. Hoje eu dou risada disso tudo e, pode parecer uma coisa boba, mas na época mudava minha vida!!! #drama
O fato é que, com o passar das semanas, eu percebia que aquele novo lugar era legal, que meu colega da frente tinha boas histórias pra me contar, me ajudava nas edições do site, que a mesa era do mesmo tamanho – era só eu organizar meus objetos na mesa da melhor forma, e que tinha coisas positivas nessa mudança. Assim como em toda mudança. Ou seja, no fim das contas, eu via algo positivo naquilo.
Já mudou de casa? Dá um trabalhão, mas você joga fora ou doa um monte de coisa que não te serve mais. Já experimentou limpar a gaveta da sua mesinha de trabalho? Vai encontrar anotações e papéis que já não te servem mais, e com isso um espaço a mais você terá.
De uns anos pra cá comecei a encarar as mudanças com alegria. Toda mudança, sem exceção, das mais alegres, bobas, difíceis ou tristes, te desafiam e te tiram da zona de conforto e, sim, te fazem melhor.
Faz sempre o mesmo trajeto pra ir pra casa? Faça aquele outro que o GPS te indica.
Desce sempre no mesmo ponto de ônibus? Desça um antes, e assim você já caminha um pouco e faz um exercício físico sem perceber.
Está trabalhando num projeto e a estratégia não funciona mais? Arrisque outros métodos, pode dar certo.
Está lendo um livro só pra cumprir a meta do começo do ano, mas já não entende nada desde a página 10? (e você já está na 123 de 349?) Pare e vá para outro.
E claro, o mais importante: mude os hábitos ruins (má alimentação, vícios, má gestão do tempo…). É o novo que está à sua frente, mas enquanto não houver a mudança você continuará sem enxergá-lo.
A mudança te muda. Que tal mudar?