Devido à umidade do ar reduzida, o inverno traz algumas preocupações para a saúde: uma delas são as alergias. Durante a estação mais fria do ano, os principais fatores que desencadeiam as crises alérgicas são o mofo e a poeira em ambientes que ficam mais fechados, assim como a variação de temperatura que é bem mais comum nesta época do ano.
A alergia é uma reação de hipersensibilidade ou resposta imunológica exagerada do organismo a um determinado antígeno (substância estranha), que acontece em pessoas suscetíveis. Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), cerca de 30% da população brasileira têm algum tipo de alergia.
A otorrinolaringologista do Hospital Otorrinos Curitiba, Dra. Byanca Hekavei Hul, explica que existem vários tipos de alergia e que grande parte delas têm influência genética.
“Doenças como asma, rinite e dermatite atópica se desenvolvem com uma mistura de fatores genéticos (cuja influência da hereditariedade pode variar de 48 a 79% conforme a literatura), ambientais (tabagismo / poluentes ambientais) e epigenéticos (modificações do DNA). É por isso também que em uma mesma família temos indivíduos extremamente sintomáticos para as doenças atópicas e outros sem desenvolver qualquer sintoma”, ressaltou a especialista.
As temperaturas mais baixas fazem com que as pessoas fiquem com os ambientes mais fechados, facilitando a transmissão dos vírus.
É no inverno que muita gente evita abrir as janelas de casa, por exemplo, justamente por causa do frio, evitando que o ar circule e se renove. Mas essa atitude é extremamente prejudicial para quem sofre com alergias, conforme alertou Byanca.
“Os ambientes sem circulação facilitam o desenvolvimento de mofo em paredes devido à umidade. Manter os ambientes limpos e arejados ainda é uma das melhores maneiras de prevenir as doenças respiratórias e as alergias. Um ambiente bem ventilado, além de dispersar os vírus e bactérias, previne o acúmulo de agentes causadores de doenças alérgicas, como poeira e fungos”, esclareceu a especialista.
Seja em casa ou no trabalho, a Dra. Byanca deu algumas orientações que ajudam a prevenir as alergias durante a estação mais fria do ano:
– deixe os ambientes sempre bem arejados;
– mantenha as mãos sempre higienizadas;
– principalmente no quarto de crianças alérgicas, evite objetos que facilitem o acúmulo de poeira, como bichos de pelúcia e tapetes;
– prefira o uso de edredom ao de cobertores;
– lave previamente as roupas que serão usadas nos dias mais frios, como blusas e casacos que ficam meses no guarda-roupa acumulando poeira;
– prefira limpar a casa com aspirador de pó e panos úmidos, já que a vassoura ajuda a espalhar ainda mais a poeira;
– se houver alguém em casa com alergia a produtos de limpeza com odores característicos, o ideal é optar pela limpeza da casa e pela lavagem de roupas com produtos hipoalergênicos disponíveis em lojas e supermercados;
– atenção aos banhos muito quentes: a água quente pode diminuir a camada superficial de oleosidade da pele e aumentar a sensibilidade a agentes estranhos, assim como o ressecamento, deixando-a mais suscetível a coceiras.
O diagnóstico dos processos alérgicos pode ser auxiliado por meio de análises clínicas e exames cutâneos.
“O diagnóstico de rinite, por exemplo, se faz por meio de uma boa consulta médica com anamnese e exame físico em que encontramos alterações compatíveis com a clínica do paciente”, acrescenta a especialista.
Exames complementares podem ser solicitados por meio de exames laboratoriais ou do prick test (que é realizado na pele do paciente para identificar possíveis alergias respiratórias, alimentares, a picadas de inseto ou ao látex) para elucidação de fatores desencadeantes e auxílio no tratamento, assim como para realização de imunoterapia.
Diretor Técnico do Hospital Otorrinos Curitiba: Dr. Ian Selonke – CRM-PR 19141 | Otorrinolaringologia