O alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) feito nesta semana requer atenção. Segundo a OMS, mais de 1 bilhão de jovens no mundo corre o risco de desenvolver problemas auditivos diante de uma exposição prolongada e excessiva a sons em volume alto, principalmente por meio de fones de ouvido. A estimativa é de que o risco atinge 50% da população entre 12 e 35 anos de idade.
O otorrinolaringologista Neilor Fanckin Bueno Mendes, do Hospital Otorrinos Curitiba, lembra que os fones de ouvido são um dos vilões dessa perda gradativa de audição, e que muitas vezes passa despercebido pelos mais novos.
“O fone de ouvido tem sido um vilão cada vez mais presente, porém os problemas causados pelo seu mau uso tendem a aparecer alguns anos mais tarde, o que faz com que os jovens não percebam a gravidade do uso incorreto deste aparelho. Muitos ainda associam problemas auditivos apenas às pessoas mais velhas, mas os mais jovens estão apresentando cada vez mais problemas”, explica.
Ainda de acordo com os dados da OMS, hoje, cerca de 5% da população mundial – aproximadamente 466 milhões de pessoas – tem problemas auditivos. Até 2050, a estimativa é de que esse número supere a marca de 900 milhões de pessoas.
Ao longo das próximas semanas, a Organização Mundial da Saúde vai publicar novos padrões e normas para a produção de produtos tecnológicos.
Causas
As principais causas da perda auditiva nos mais jovens se diferenciam um pouco das nos adultos. Segundo Mendes, “quando falamos em adolescentes com problemas de audição, pensamos em doenças autoimunes, infecções virais que possam acometer o nervo da audição, até mesmo doenças genéticas que se manifestem na fase da adolescência, perfurações e retrações na membrana timpânica. Outro problema é o acúmulo da cera de ouvido, que é a causa de perda de audição mais comum que nós temos”, exemplifica o especialista.
Nos mais velhos, a perda auditiva pode estar relacionada ao uso de medicamentos tóxicos para o ouvido, que incluem desde analgésicos, anti-inflamatórios e até remédios para o câncer, além de infecções, doenças crônicas, traumas ou exposições a ruídos.
Sintomas
Inicialmente, o principal sintoma da exposição excessiva a volumes intensos é o zumbido. “Isso fica bem evidente quando vamos a um show ou a uma festa, por exemplo, onde a música está muito alta. No outro dia, se ficarmos com um zumbido agudo e aquela sensação de orelha cheia ou abafada, isso é sinal de que tivemos algum grau de lesão nas células da nossa cóclea”, alerta Neilor.
A perda de audição propriamente dita se dará com o passar do tempo e com a exposição cumulativa, principalmente se o paciente tiver uma predisposição para a perda auditiva.
Use com moderação
Os fones se tornaram nossos companheiros do dia a dia. No entanto, para evitar problemas futuros, saber usá-los é parte fundamental no processo de cuidado com os ouvidos.
“O ideal é utilizá-los em um volume médio e evitar ficar por horas com o fone sem dar um descanso. Aconselhamos uma espécie de ‘repouso auditivo’: 15 minutos de descanso a cada 1h utilizando o fone, evitando, assim, possíveis lesões”, orienta o especialista.
Tratamento
Quando a perda auditiva for identificada, é importante avaliar suas principais causas e manter acompanhamento médico.
“Em relação à perda de audição por exposição a ruídos, ela tende a se estabilizar se o paciente não se expuser mais a sons abusivos. No entanto, é extremamente importante manter um acompanhamento médico periódico para termos certeza que não há outra causa de perda de audição associada”, finaliza Neilor.