O glúten parece ser a sensação do momento – ou, nesse caso, a falta dele – na alimentação. Por vezes é colocado no meio fitness como ‘vilão’. Mas será que essa famosa proteína pode ser eliminada da dieta de qualquer indivíduo?
Segundo a endocrinologista da Neoclinical e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) Camila Luhm, dietas que pregam a ausência dessa proteína são indicadas apenas para os celíacos, ou seja, àqueles que têm intolerância ao glúten, e não para qualquer paciente. A especialista lembra que é preciso mais esclarecimento da população sobre os tipos de dieta permitidos e que realmente são benéficos à saúde.
“Vemos que nos últimos anos há um incentivo indiscriminado, inclusive de profissionais da saúde, em relação à dieta sem glúten para indivíduos saudáveis com a justificativa de obter efeitos benéficos no bem-estar e controle do peso corporal. No entanto, não existem evidências científicas de que uma dieta sem glúten traga benefícios para indivíduos não intolerantes/celíacos”, explica a endocrinologista.
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O que é glúten?
O glúten é a combinação de dois grupos de proteínas, a gliadina e a glutenina, encontradas naturalmente em muitos cereais, como trigo, centeio, cevada e aveia. Ele confere elasticidade na massa, deixando-a mais fácil para ser trabalhada e, ao mesmo tempo, resistente para não arrebentar quando esticada.
“O grande problema em se retirar o glúten da dieta é que os alimentos substitutos tendem a ser pobres em fibras e micronutrientes (menor proporção de ferro, cálcio, fósforo, zinco, ácido fólico, niacina e vitamina B12). Além disso, muitas vezes, para conferir a viscosidade e o paladar aos alimentos sem glúten são acrescentados gordura e açúcares aos alimentos. Ou seja: em geral, as dietas sem glúten têm maior teor de gordura, menos fibras e outros micronutrientes, o que as tornam menos nutritivas, além de terem o custo mais elevado”, ressalta Camila.
A dieta sem glúten é indicada para portadores de Doença Celíaca, que acomete cerca de 1% da população mundial. É uma intolerância permanente ao glúten ocasionando um processo inflamatório no intestino delgado e consequente má absorção de nutrientes. Nesses casos, esse tipo de dieta é obrigatório para remissão da doença.
Sintomas da intolerância ao glúten
Os sinais mais comuns e que geralmente surgem na infância, nos primeiros anos de vida, são: diarreia, distensão abdominal e atraso de crescimento. Episódios de vômito, irritabilidade, falta de apetite e prisão de ventre também podem aparecer.
Já os adultos podem apresentar diarreia (ou prisão de ventre, menos frequente), dores e distensão abdominal, flatulência e perda de peso. Além das queixas gastrointestinais, pode ocorrer anemia por deficiência de ferro, osteoporose e até infertilidade.
Dieta sem glúten emagrece?
Cortar o glúten da dieta pode auxiliar no emagrecimento na medida em que se faz a restrição severa da ingesta de carboidratos (como pão, bolo, doces), nossa principal fonte de calorias. Ou seja, diminuir calorias faz diminuir quilos na balança, mas não por retirar o glúten. De acordo com Camila, o segredo para emagrecer e, consequentemente, conseguir um estilo de vida mais saudável, está na alimentação balanceada.
“Para uma dieta saudável o segredo está no equilíbrio das porções. Os alimentos ricos em glúten, dentro de uma dieta balanceada, não são prejudiciais à saúde e podem trazer benefícios. O uso do trigo integral é o mais indicado, já que ele é mais rico em fibras, e a ingestão adequada de fibras na alimentação faz com que o carboidrato seja absorvido de uma forma mais lenta, com melhores taxas de glicemias”, acrescenta a especialista.
Ausência do glúten e doenças
Para quem não sofre da doença celíaca, eliminar o glúten da alimentação pode predispor a doenças crônicas, como diabetes ou doenças cardiovasculares. Estudos científicos demonstraram que indivíduos que consumiam pouco (ou nenhum) glúten apresentavam um maior risco de desenvolver diabetes tipo 2. Além disso, outros estudos mostravam que o consumo moderado das fontes de glúten, principalmente alimentos ricos em grãos integrais, está relacionado a um menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares, como infarto e AVC.
“Portanto”, finaliza a endócrino, “consumir os alimentos de forma moderada e, o mais importante, alimentos saudáveis e que tenham os nutrientes que o nosso corpo precisa, é a indicação mais correta”.
Sobre Camila Luhm
Camila Luhm é graduada em Medicina pela Faculdade Evangélica do Paraná (FEPAR), com residência em Clínica Médica pelo Hospital de Clínicas – Universidade Federal do Paraná (UFPR) e residência em Endocrinologia pelo Hospital de Clínicas – Universidade Federal do Paraná (UFPR). Tem mestrado em Medicina Interna pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e possui título de especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Também é membro da Sociedade Latino-Americana de Tireoide (LATS).
Serviço:
Dra. Camila Luhm – Neoclinical
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