A pele é o maior órgão do corpo humano. Ela reveste nosso organismo, regula a temperatura corporal e protege contra os raios ultravioletas, dentre outras inúmeras funções. E por ser um órgão tão importante e extenso (constitui cerca de 15% do peso corporal), ele também está exposto a várias doenças.
Segundo a dermatologista da Neoderme e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) Giseli de Mattos Diosti Stein, a maioria das doenças de pele afeta a qualidade de vida dos pacientes e acaba os isolando da vida social.
“Temos mais de 3.000 doenças dermatológicas que afetam a pele de crianças, adultos e idosos. E algumas, infelizmente, não têm cura, apenas o controle. É o caso da psoríase e do vitiligo. Alguns pacientes sentem muito o impacto dessas doenças na vida social, e isso afeta diretamente o dia a dia deles, causando baixa autoestima, estresse e problemas de autoaceitação”, comentou a dermatologista.
Segundo um estudo divulgado pela Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, as doenças de pele representam hoje a quarta maior causa de incapacitação no mundo. A pesquisa incluiu registros hospitalares e mais de 4 mil pesquisas publicadas entre 1980 e 2013 ao redor do planeta. Na análise, condições como acne, dermatite, urticária e psoríase foram os problemas com maior impacto no dia a dia dos pacientes.
Não é só estética
Engana-se quem acha que ter uma ‘ferida’ na pele seja só uma questão de estética. A psoríase, por exemplo, é uma doença inflamatória, crônica e autoimume e que se caracteriza por lesões descamativas e avermelhadas. E são essas lesões, que geralmente afetam o couro cabeludo, tronco, cotovelo, joelho e mãos, que causam desconforto ao paciente, mas que costumam ter bom controle com o tratamento dermatológico.
“Muitos pacientes com psoríase não gostam de usar roupas curtas, camisetas ou qualquer outro tipo de roupa que exponha a pele. Até idas à praia podem se tornar um tabu. Tem, ainda, o incômodo com o olhar do outro. Nos casos mais graves, pode levar à depressão”, lembra Giseli.
Infelizmente o preconceito em relação aos pacientes que têm essa doença ainda é considerável, já que muitos pensam ser uma doença contagiosa, e não é. “Há tratamentos que ajudam a controlar a doença e oferecem ao paciente uma boa qualidade de vida”, reforçou a especialista.
Outras doenças de pele
Vitiligo, dermatites, acne, urticária, micose, hiperidrose (suor excessivo) e alopécia androgenética (calvície) também entram na lista das doenças de pele que afetam a qualidade de vida e a autoestima dos pacientes.
A calvície, por exemplo, pode se agravar caso o paciente esteja passando por momentos de estresse físico e mental, e tanto homens quanto mulheres podem ser afetados. “Em alguns casos, uma alimentação pobre em ferro e vitaminas pode contribuir para a piora do problema. Inclusive a dosagem de ferro (ferritina), vitamina D, zinco e vitamina B12 são alguns dos exames solicitados na investigação de queda de cabelo”, lembrou a dermato.
Outra doença que cria estresse em seus portadores é a acne, já que se localiza no rosto, na maioria dos casos. “A acne é comum nos adolescentes, mas também afeta os adultos. Em muitas situações, os pacientes sentem vergonha, timidez e evitam o convívio social justamente por estarem com a aparência da face frágil e cheia de marcas”, acrescentou a especialista.
Já o vitiligo, doença caracterizada pela perda da coloração da pele, também deixa marcas na autoestima. As causas da doença não são totalmente definidas, mas alterações ou traumas emocionais podem estar entre os fatores que desencadeiam ou agravam a doença.
Ajuda médica e psicológica
Não é raro ver pacientes procurando a ajuda de dermatologistas e de psicólogos para lidar com as doenças, e segundo Giseli, tudo que puder promover a satisfação e qualidade de vida para o paciente auxilia no processo.
“Como comentamos, várias doenças não têm cura, apenas o controle. O importante é sempre procurar ajuda, nunca deixar a doença te impossibilitar das atividades diárias e do convívio com a família e amigos. Também precisamos conscientizar a população que muitas doenças não são contagiosas, não são transmissíveis. Em muitos casos, a ajuda psicológica é fundamental”, resumiu Giseli.