Nas últimas semanas, os casos de transmissão pelo novo coronavírus aumentaram consideravelmente em todo o Brasil, e em Curitiba e região metropolitana não foi diferente.
Com isso, o estresse e a ansiedade também voltaram a ganhar espaço no dia a dia das pessoas, e o reflexo disso está no aumento das dores na mandíbula e casos de bruxismo (ranger dos dentes) mais frequentes.
Segundo a especialista em cirurgia bucomaxilofacial do Hospital Otorrinos Curitiba, Cybelle Prado, a ansiedade e o estresse devem ser levados em conta como fatores responsáveis pelo aparecimento da dor e da disfunção temporomandibular (DTM).
“Com toda demanda na rotina e estilo de vida que a pandemia trouxe para nossas vidas, o número de pacientes que nos procuram com essas queixas aumentou consideravelmente. Posso dizer que atualmente 80% dos casos atendidos no consultório são de pacientes com alguma queixa de dor. Quando associadas à ansiedade e ao estresse chamamos de ‘dor tensional’. Além das dores, outros sintomas como dificuldades para mastigar, dores de cabeça, zumbidos e dores no ouvido também têm sido frequentes”, contou a especialista.
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Dores frequentes ao mastigar, dificuldades para abrir a boca e dores constantes de cabeça são alguns dos sintomas da disfunção temporomandibular, a conhecida DTM.
Segundo a especialista, “é importante uma avaliação odontológica caso o paciente apresente, por exemplo, dores frequentes ao mastigar semelhantes a dores no ouvido, estalos ao movimentar a mandíbula seguidos de dor, dores de cabeça constantes, entre outros”.
Muitas vezes confundida pelos pacientes, vale esclarecer que bruxismo e DTM não são o mesmo problema.
“A DTM pode ser considerada um conjunto de problemas que envolve músculo e esqueleto do aparelho mastigatório. Já o bruxismo definimos como um hábito de ranger ou apertar os dentes de forma subconsciente. O ranger costuma acontecer durante o sono e pode levar ao desgaste dentário”, explica Cybelle.
O apertamento dentário ocorre com maior frequência durante o dia, normalmente quando a pessoa está concentrada em alguma tarefa ou desempenhando algum trabalho que exija muito esforço físico ou mental.
Ambos podem causar sintomas como dor, cansaço e hipertrofia dos músculos da mastigação, além de prejudicar os dentes.
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A DTM é uma síndrome de etiologia multifatorial, ou seja, vários fatores colaboram para o seu aparecimento. Alguns desses fatores são os chamados fatores estressores (ansiedade, depressão, distúrbios do sono, problemas emocionais e psiquiátricos). Todos eles influenciam não só no aparecimento da DTM, como também na sua progressão e tratamento.
Segundo a especialista, as consequências emocionais da Covid-19 certamente irão interferir nos quadros de dores.
“As sequelas emocionais que a Covid-19 está causando em alguns pacientes são, sem dúvida, de grande impacto no aumento de pacientes com dores orofaciais”, pontuou Cybelle.
Quem não consegue ter uma boa noite de descanso pode sofrer com as queixas de dores. Tudo o que afeta a capacidade de dormir bem e de forma regular causa a privação de sono, gerando alterações da saúde física e mental.
“A falta de sono impacta negativamente na vida das pessoas, sejam elas portadoras de DTM ou não. Porém, observamos que grande parte de pacientes com dores orofaciais apresentam qualidade do sono pobre”, ressaltou Cybelle.
As “plaquinhas”, também chamadas de placas miorrelaxantes, são um dos recursos utilizados para controle de dor do paciente com dores musculares, pois oferece mio-relaxamento e conforto. No entanto, segundo Cybelle, sua indicação depende de diagnóstico correto e não traz cura aos pacientes.
“É fundamental uma avaliação odontológica caso o paciente apresente qualquer sintoma. Somente um profissional com conhecimento na área é capaz de diagnosticar e traçar um plano de tratamento adequado para cada paciente. Não basta, por exemplo, colocar uma placa miorrelaxante ou ‘plaquinha de bruxismo’ no paciente”, alerta.
Diversos fatores devem ser avaliados antes da utilização das placas miorrelaxante. Segundo a especialista, também é preciso ficar atento à banalização dessa placa, pois apesar de parecer um recurso simples, deve ser muito bem indicada, confeccionada e monitorada, com ajustes frequentes feitos por um dentista capacitado.
“A falta de todos esses cuidados pode causar piora nas dores. Outro alerta é que placas de silicone são totalmente contraindicadas para esses casos”, comenta.
Como há vários fatores para o aparecimento do bruxismo e da DTM, o tratamento geralmente é feito por equipes multidisciplinares, e deve ser personalizado. Cybelle lembra, no entanto, que independente do diagnóstico, é importante o paciente ter disciplina no tratamento.
“Como há vários fatores para o aparecimento do bruxismo e da DTM, o tratamento geralmente é feito por equipes multidisciplinares, com tratamentos personalizados a cada paciente. O paciente precisa compreender que o mais importante para alcançar o máximo benefício desses tratamentos é a disciplina: seguir as orientações, fazer retornos, consultar as especialidades indicadas e ser colaborativo“, ressalta.
Cybelle lembra, ainda, que a melhora depende do trabalho em equipe, sendo o paciente protagonista do tratamento.
“Principalmente agora, neste momento de pandemia, mudanças no estilo de vida como praticar atividades físicas (de forma segura), manter a alimentação saudável e buscar ajuda quando se sentir muito estressado, ansioso ou deprimido, são fundamentais para melhorar a qualidade do sono, reduzir o quadro de estresse e contribuir na melhora das DTMs”, finalizou.
Cybelle Prado é graduada em Odontologia pela PUCPR, com residência em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela Santa Casa de Misericórdia de Piracicaba – SP e especialista pela Sociedade Brasileira de CTBMF. É membro do Colégio Brasileiro de CTBMF e atende a especialidade de Cirurgia Bucomaxilofacial no Hospital Otorrinos Curitiba com ênfase em cirurgia Ortognática, cirurgia das ATMs, tratamento de DTMs, implantes dentários e cirurgias orais.
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