Dia 31 de maio é o Dia Mundial de Combate ao Fumo. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil, 200 mil mortes anuais são causadas pelo tabagismo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 1 bilhão e 200 milhões de pessoas sejam fumantes.
Camila Luhm, endocrinologista da Neoclinical e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), lembrou que o cigarro não afeta apenas os pulmões, como muita gente pensa, mas gera prejuízos para todo o organismo, incluindo complicações na gravidez, aterosclerose e até mesmo disfunção erétil.
“Geralmente as mulheres são as mais prejudicadas devido às peculiaridades próprias do sexo, como a gestação e o uso da pílula anticoncepcional”, alerta a especialista.
O cigarro possui quase 5 mil substâncias tóxicas. No mundo, o total de mortes devido ao uso do tabaco atinge quase 5 milhões de mortes anuais. Esse número pode aumentar para 10 milhões de mortes anuais por volta do ano 2030.
Prejuízos do cigarro para a saúde
Para alertar sobre os danos que o cigarro causa ao organismo, Camila listou alguns dos principais malefícios do tabaco e ressaltou que “a mulher fumante tem um risco maior de infertilidade, câncer de colo de útero, menopausa precoce (em média 2 anos antes) e dismenorreia (sangramento irregular)”.
Confira outros prejuízos:
1 – Cigarro e uso de anticoncepcional: mulheres que fumam e usam pílula anticoncepcional têm um risco maior de ter problemas vasculares. A associação do anticoncepcional com o tabagismo propicia um aumento muito grande do risco de trombose, derrame cerebral e infarto agudo do miocárdio. Essa é uma combinação contraindicada por seus riscos;
2 – Complicações na gravidez: o tabagismo é especialmente perigoso na gravidez, podendo prejudicar o crescimento do feto e aumentar o risco de complicações durante a gravidez e o parto, tais como a morte fetal, o parto prematuro e o baixo peso ao nascer;
3 – Rugas e envelhecimento precoce: o hábito de fumar enfraquece o cabelo e faz secar a pele, reduz o paladar e o olfato. Além do envelhecimento precoce da pele, devido à falta de oxigenação, o tabaco também inibe a produção de colágeno e elastina, que impedem a flacidez. É comum nas mulheres que fumam surgirem precocemente imensas rugas em volta dos lábios.
4 – Aterosclerose: as toxinas do tabaco diminuem a quantidade de HDL (colesterol bom) e aumentam a quantidade de LDL (colesterol ruim) do organismo. Além disso, a nicotina e o monóxido de carbono, presentes no cigarro, danificam a parede das artérias, o que favorece o início da formação da placa de ateroma (placa de gordura na artéria). Problemas causados pela aterosclerose variam de acordo com as artérias atingidas, podendo resultar, por exemplo, em infarto do miocárdio, insuficiência renal crônica e até em um acidente vascular cerebral (AVC).
5 – Disfunção erétil: o cigarro está ligado a problemas vasculares, já que colabora para o entupimento das artérias. Com o passar do tempo e o uso do cigarro, há o entupimento dos vasos do pênis, assim como os do coração, diminuindo o fluxo nos vasos sanguíneos que percorrem o pênis. Por isso a ereção não ocorre, pois necessita de alta concentração de sangue na região. Além disso, há indícios de que a nicotina, substância encontrada no cigarro, possa alterar o sistema de válvulas que regulam a circulação sanguínea para fora do pênis. Assim, ela faz com que o sangue que precisaria ficar no pênis para manter a ereção saia antes do que deveria, resultando em menor tempo de ereção e em impotência.
6 – Hipertensão arterial: o tabagismo e a hipertensão arterial são dois importantes fatores de risco para as doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio (ataque cardíaco) e o acidente vascular cerebral (derrame cerebral). A hipertensão por si só altera perigosamente a estrutura das artérias e a combinação com o tabaco torna a pessoa mais propensa à formação de placas no vasos sanguíneos. Embora não haja estudos conclusivos de que o tabaco em si desencadeie a elevação crônica da pressão, sabe-se que ela sobe temporariamente a cada tragada e continua mais alta mesmo algum tempo depois.
Fumante passivo
Se você não fuma, mas está sempre perto de pessoas que têm esse hábito, saiba que indiretamente está fumando também: é o chamado fumante passivo. De acordo com Camila, a convivência com um fumante aumenta o risco de doenças cardíacas coronarianas em 25% a 30%.
“Fumantes passivos sofrem os efeitos imediatos como reações alérgicas (rinite, tosse, conjuntivite, exacerbação de asma) até aumento dos problemas cardíacos, principalmente elevação da pressão arterial e angina (dor no peito)”, alerta.
Existem cada vez mais indícios da relação entre o tabagismo passivo e o derrame cerebral. Outros efeitos a médio e longo prazo são as doenças pulmonares como enfisema pulmonar, bronquite crônica e câncer de pulmão.
Alerta aos pais
Os recém-nascidos e as crianças pequenas também são muito prejudicados. “As crianças expostas à fumaça do cigarro têm maior risco de morte súbita, bronquite, pneumonia, asma, exacerbações da asma e infecções de ouvido”, acrescenta a especialista.
Parei de fumar. E agora?
Quando um paciente decide parar de fumar, muitas mudanças – boas! – acontecem no organismo: o risco de doenças diminui gradativamente e o organismo do ex-fumante se restabelece. Segundo Camila, após 24 horas, os pulmões já conseguem eliminar o muco e os resíduos da fumaça. Dois dias depois, é possível sentir melhor o cheiro e o gosto das coisas.
“Após duas semanas, melhora a circulação, tosse, congestão nasal, fadiga e falta de ar. Após um ano, o risco de doença cardíaca cai pela metade. Após 5 anos, o risco de ter câncer de pulmão também reduz 50%. Após 15 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao de uma pessoa que nunca fumou”, explicou.
Para a especialista, caso o paciente não consiga se livrar desse mau hábito sozinho, é preciso procurar ajuda especializada. “Quanto mais cedo o paciente se livrar do vício do cigarro, mais qualidade de vida ele terá”, finalizou a endócrino.
Dia Mundial sem Tabaco
O Dia Mundial sem Tabaco, 31 de maio, foi criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), órgão do Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), realiza ações de prevenção e controle do tabagismo e atua como Centro Colaborador da OMS para o controle do tabaco.