Se você já viu alguém tendo uma crise de epilepsia, talvez tenha ficado assustado e sem saber como agir, e até mesmo se perguntando sobre os motivos da doença. É importante saber que a epilepsia é desenvolvida no decorrer da vida, e é caracterizada como uma doença crônica, conforme explica o neurocirurgião do Hospital Otorrinos Curitiba e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) Eduardo Talib Bacchi Jaouhari.
“A epilepsia pode ser determinada de forma genética ou pode ser desenvolvida secundariamente, por exemplo, devido a tumores ou infecções do sistema nervoso central. Vale lembrar também que situações de muito estresse ajudam a potencializar o problema”, esclarece.
O que é epilepsia?
Em linhas gerais, pode-se definir a epilepsia como uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Se ficarem restritos, a crise será chamada parcial; se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada.
“Por isso”, explica Eduardo, “algumas pessoas podem ter sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia, não significando que o problema tenha menos importância se a crise for menos aparente”.
Os maiores picos de incidência ocorrem na infância e nos idosos. Entretanto, a doença pode se manifestar em qualquer momento da vida.
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Como agir durante as crises de epilepsia?
Se a crise durar menos de cinco minutos e você souber que a pessoa é epiléptica, não é necessário chamar um médico. Segundo o especialista, a dica é acomodá-la num lugar seguro, afrouxar as roupas (gravatas, botões apertados), colocar um travesseiro sob sua cabeça e esperar o episódio passar. Depois da crise de epilepsia, lembre-se que a pessoa pode ficar confusa: acalme-a ou leve-a para casa. Também é possível levar a pessoa para o local de atendimento médico mais próximo, desde que sejam tomadas as precauções para protegê-la de ferimentos.
Outra orientação é jamais colocar os dedos na cavidade oral de uma pessoa com crise convulsiva, assim como objetos, tecidos, etc, tentando evitar engasgos.
Estresse como gatilho
Situações de estresse podem ser gatilhos para crises de epilepsia. Para uma pessoa com esse problema é fundamental não ingerir bebidas alcoólicas, não passar noites em claro, ter uma dieta balanceada e evitar uma vida estressada demais.
Toda convulsão significa epilepsia?
Não. De acordo com o neurocirurgião, situações médicas como hipoglicemia e desidratação podem provocar crises convulsivas que não irão se repetir após a resolução destes problemas.
Há perda de consciência durante uma crise?
Numa crise de epilepsia, o paciente pode estar ciente do que está acontecendo ou se ‘desligar’ totalmente; tudo vai depender do tipo de epilepsia.
“Simplificando, em epilepsias focais as crises podem ocorrer sem perda da consciência e nas epilepsias generalizadas há a perda de consciência durante a crise”, acrescenta Eduardo.
Existe cura ou só o controle?
Em geral, se a pessoa passa anos sem ter crises e sem medicação, pode ser considerada curada. O principal, entretanto, é procurar auxílio o quanto antes, a fim de receber o tratamento adequado.
O neurocirurgião lembra, ainda, que a doença não deve ser tratada de forma preconceituosa.
“Foi-se o tempo que epilepsia era sinônimo de Gardenal, apesar de tal medicação ainda ser utilizada em certos pacientes. As drogas antiepilépticas são eficazes na maioria dos casos, e os efeitos colaterais têm sido diminuídos. Muitas pessoas que têm epilepsia levam vida normal, inclusive destacando-se na sua carreira profissional”, ressalta.
Diagnóstico da doença
Exames como eletroencefalograma (EEG) e neuroimagem são ferramentas que auxiliam no diagnóstico da epilepsia. O histórico clínico do paciente, porém, é muito importante, já que exames normais não excluem a possibilidade de a pessoa ser epiléptica.
“Se o paciente não se lembra das crises, a pessoa que as presencia torna-se uma testemunha útil na investigação do tipo de epilepsia em questão e, consequentemente, na busca do tratamento adequado”, finaliza o especialista.